Desde que fomos orientados a ficar em casa, em meados de março, já recebíamos notícias de que os profissionais de hospitais na China e na Europa estavam assumindo posições na trincheira contra o coronavírus.
Para estas pessoas, a guerra contra o inimigo invisível começava nas UTIs dos hospitais lotados e terminava na solidão de casa ou nas prateleiras desabastecidas dos supermercados. As imagens de rostos marcados pelas máscaras e os relatos de angústia frente ao desconhecido chegavam através de nossos celulares.
Dois meses depois, com a pandemia instalada no Brasil, os profissionais seguem na rua para nos salvar. Em pouco tempo, estas pessoas se transformaram em herois e heroínas desta guerra, sendo aplaudidos diariamente nas sacadas de prédios em todo o planeta.
Foi pela internet que circulou também uma imagem que certamente descreverá, para as próximas gerações, parte da experiência que estamos experimentando agora.
Criada pelo artista Banksy, conhecido por suas críticas em muros e paredes pelas cidades, a obra foi deixada no Hospital da Universidade de Southampton, no sul da Inglaterra, no início de maio. Junto à obra, um bilhete: “Obrigado por tudo que vocês estão fazendo. Espero que isso ilumine um pouco o local, apesar de ser em preto e branco”.
A confirmação da autoria surgiu quando Banksy postou a obra em suas redes sociais. O artista se reinventa nesta pandemia, assim como tem sido com os artistas que atuam na Doutores da Alegria: trocaram momentaneamente as pediatrias pelas salas de suas casas, onde criam vídeos destinados a profissionais e crianças hospitalizadas.
E se nem toda super-heroína usa capa, algumas certamente usam jaleco. Além dos aplausos e do reconhecimento que estes profissionais merecem, é preciso atender às suas reivindicações, como condições de trabalho mais adequadas, EPIs à sua disposição e apoio terapêutico para o que vier nos próximos meses. E o essencial: se puder, fiquemos em casa. Por elas.