Já se vão mais de 30 dias que estou em casa, saindo apenas para supermercado e farmácia. Completamente confinado, vendo o dia passar e, junto com ele, os pensamentos que são muitos. Como é ruim ficar impossibilitado de fazer o que mais gosta, de ver e abraçar quem mais ama, de apreciar o que a vida tem de melhor, que é a convivência livre com as pessoas e a natureza.
E por esses dias fiquei desejando receber a visita de algum amigo ou amiga.
Alguém que saiba o que estou sentindo e que me desse um pouco de alívio. Que por mais protocolos de distanciamento social, pudéssemos conversar, mesmo de máscaras, dar algumas risadas e, mesmo sem abraços apertados, nos sentíssemos afagados em nossas pequenas saudades de uma vida normal. Precisava apenas de um bom amigo.
Isso, claro, me levou de volta ao hospital.
Pensei nas crianças que nós atendemos todas as semanas. Crianças que estão por algum período, curto ou longo, internadas e privadas de aproveitar a vida na sua totalidade. Pensei também nos pais, avós ou acompanhantes, qualquer que seja o vínculo, que também se colocam nessa posição de isolamento diante da vida cotidiana para cuidar do paciente.
Fico pensando que tanto a criança (paciente) quanto o adulto (acompanhante), às vezes, desejam a visita de alguém que de forma rápida ou demorada traga uma presença leve, onde alguma boa conversa aconteça, uma risada sadia venha os afortunar, e possam, mesmo com todos os protocolos de atendimento de um hospital, fazer bem um pro outro, como se fossem bons amigos.
Eu, Dr. Mendonça, durante esse tempo de quarentena, estou desejando para que quando tudo isso passar, na volta aos hospitais, eu possa ser uma visita leve e agradável, assim, como um bom amigo!