Estávamos nós na enfermaria dos adultos, Dr. Valdisney e eu. Do outro lado, tinha a enfermaria infantil. Adentramos em um quarto onde estava um senhor sozinho, ele tinha a faixa de idade entre 60 e 70 anos, com cabelos bem branquinhos.
Ele estava deitado na cama, tomando medicação na veia e assistindo TV. Toc!, toc!, toc! (batemos na porta).
– “Bom dia, boa tarde e boa noite! Podemos entrar?”
O senhor fez um sinal de jóia e permitiu a nossa entrada. Então, nos apresentamos:
– “Olá, somos os médicos besteirologistas aqui do “Hospital Geraldo Grajaú”, cuidamos de besteiras, bobagens, bobices, pum solto, miolo mole, chulé encravado, pulga atrás da orelha, quedas de cabelo, ultrassom musical e diversas especializações”.
Dr. Valdisney observou a medição que o senhor estava tomando e a examina, toca com o dedo na bolsa de soro que, por sequência, sai um som de buzina. Depois toca com o dedo no pé do paciente, que também buzina, então comenta:
– “É, o remédio já está fazendo efeito”. (lembrando que o quarto não tinha precaução de contato). O senhor dá um sorriso e se rende à brincadeira.
Eu, Dr. Sandoval, de prontidão já logo pergunto para o paciente:
– “O senhor está sentindo alguma tontura? ”, do qual o senhor responde:
– “Só um pouquinho, por quê? ”
Então Sandoval dá o diagnóstico:
– “Bem, essa medição pinga aqui em cima e pinga lá embaixo, pinga aqui em cima e de novo pinga lá embaixo. É pinga o dia inteiro, ninguém aguenta, dá tontura mesmo!”.
O senhor com mais um sorriso, logo diz: – “De pinga eu entendo!”
Então começa a compartilhar com os besteirologistas seu vasto conhecimento sobre a água que passarinho não bebe: as pingas do Nordeste, as pingas industrializadas, as artesanais, as com sabor de fruta… Mas a que ele mais gostava mesmo, era da cachaça mineira – aliás, quem não gosta, né?
Eu e o Dr. Valdisney fazíamos o papel de ouvintes e pontuávamos com alguns comentários, de repente, no meio dessa aula de água ardente brasileira, entra a esposa do paciente, que veio visitá-lo e ficar de acompanhante. Eis que ela diz em alto e bom som, na lata:
– “É por isso que você está aqui no hospital”.
Depois disso, a conversa não se estendeu muito, eu e Valdisney nos despedimos e saímos de fininho, enquanto a esposa dava uma bronca no marido…
Moral da história: “Tudo em excesso faz mal, cuide da saúde e beba com moderação”. Eita!
Fim!