Dia desses, me lembrei de uma pequena experiência que vivemos com uma mãe que se chamava Camomila. E apesar de ter nome de chá calmante, foi uma relação bem tensa.
No primeiro encontro, imaginávamos que causaríamos a boa impressão de sempre com sorrisos, curiosidades e surpresas. Desses três, só tivemos a surpresa. Porque, na sequência, a mãe se escondeu embaixo de uma coberta e lá de dentro daquela espécie de casulo dizia algumas palavras incompreensíveis. Até que, uma outra mãe nos explica: “Ela tem medo de palhaços!”.
Respeitando os limites de cada um, explicamos que não queríamos papo com ela, mas, não daríamos colher de chá. Com ou sem medo, dividimos o espaço e fizemos uma visita um pouco mais rápida às crianças desse quarto, batendo logo em retirada.
Camomila acompanhou a internação do seu filho… o seu filho… como era o nome dele mesmo? Como é da família dos chás, deve ser o Capim – Limão!
A internação do Capim – Limão durou aproximadamente um mês e a frequência das visitas fez com que Camomila transitasse do medo para uma leve confiança, ao ver que a cada vez que chegávamos não desistíamos de entrar para visitar as crianças ali internadas, sempre respeitando os limites que a fizesse se sentir confortável: nos despedíamos e partíamos sem maiores sustos.
Uma vez que Camomila ganhou confiança em nós, ela foi colocando as manguinhas de fora e passou a observar, rir e responder tal qual as crianças de lá de sua cadeira de acompanhante. Daí, foi conhecendo o repertório do trio e a personalidade de cada palhaço, já interagia assumindo um protagonismo inimaginável diante do medo que demostrou no primeiro contato.
E, por fim, tínhamos sempre uma recepção e despedidas com calorosos abraços onde Camomila se sentia orgulhosa de ter vencido uma limitação pessoal. E como não há mal que sempre dure e nem bem que nunca acabe, Capim – Limão teve alta! Em um abraço cheio de orgulho, vínculo e afeto, nos despedimos de mãe e filho sem ter certeza de qual dos dois gostava mais da visita dos palhaços.