Era uma vez… Na verdade, já foram várias vezes.
Mas dessa vez nosso encontro com a C. foi uma ERA diferente. Ela é uma adolescente e a conhecemos há muito tempo. Quando entramos no seu quarto, vimos que estava deitada e parecia sonolenta. Ao seu lado um livro grande.
Esses dados ajudarão a compor o cenário da história que vamos contar e que fez a nossa tão conhecida visita ter um outro encanto. Leiam agora a verdadeira história de Cinderela na versão bobonesca:
Era uma vez uma linda princesa que vivia em um castelo cercada de vários cuidados. Ela vivia feliz até a chegada de uma bruxa (dra Svenza) que lançou um feitiço e a fez dormir por longos anos.
Até que um dia, um lindo príncipe (dr. Lui) chegou na floresta e viu Clauderela adormecida no bosque. Como sempre ouviu essa história, ele já sabia que bastava um beijo apaixonado para despertar Clauderela daquele sono agourento. Mas justo na hora do beijo, a bruxa interrompe e diz:
– Hahaha! Que príncipe é esse?! Não tem cavalo, nem espada!?
A menina escutava e assistia a tudo com um leve sorriso e interesse no desenrolar da história. Mas deu para ver no seu rosto também qual seria a solução que o desfecho dessa história lhe reservava. Movido pelo sentimento de amor e desafiado pela bruxa Svenza, o príncipe Lui pegou um “porta soro” que estava ao lado da cama e fez com ele o seu cavalo.
Viu um guarda-chuva ao lado da cama da sua acompanhante e, apoderando-se dele, fez uma espada e enfrentou os tantos desafios para provar sua realeza. E nem foi preciso tanto, que ao dar o beijo apaixonado, Clauderela sorri e diz:
– E foram felizes para sempre!
A história poderia acabar aqui, mas na semana seguinte, já com a dra Baju do lado, visitamos a garota novamente e a vimos com uma peruca e uma coroa de princesa na cabeça.
Não deu tempo da Baju saber da história que contamos com a menina mas fiquei “de cara”, encantado de verdade quando a vi daquele jeito. Será que ela estava brincando com a gente, dando continuidade à história? Será que era uma tentativa de encantar sua vaidade e ter de volta o que se foi? Ou será que era mais um desses acasos que surpreendem a gente e fazem a vida no hospital ter o encanto que tem?
Não sei responder e talvez nem precise, basta acreditar que os sonhos podem ser reais, que a magia faz nosso dia a dia ter a realeza dos príncipes e princesas que se encantam e se desencantam como na velha e linda história do Era uma vez…
Dr. Lui (Luciano Pontes) e dra Baju (Juliana de Almeida)
Hospital Oswaldo Cruz – Recife