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Cadê todo mundo – e outras questões

28 de maio de 2020
Tempo de leitura: 1 minutos

Juliana de Almeida

Atriz e palhaça. Atua como Dra. Baju na Doutores da Alegria, em Recife, desde 2010.

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E de repente não havia mais ninguém. As pessoas não circulavam mais, as ruas vazias. Escolas, comércios e teatros fechados. De modo geral, a gente não entende bem como tudo aconteceu, mas o fato é que, por uma força maior, a recomendação de isolamento passou a ser o nosso novo cotidiano. Ou seja, #fiqueemcasa.

Em tempo algum, imaginei que isolar-se também significaria reaproximar-se. Tá que eu não tinha feito o link do cara e coroa – faces da mesma moeda. Pois que é isso! E é curioso.

A princípio, isolar sugere a separação de algo, coisa ou pessoa. Estando isolados, limitados em nossas ações mais habituais, somos consequentemente levados a viver de forma mais circunscrita. Durante um período ainda indeterminado, estaremos um pouco mais sós e nus, quase do jeito que nascemos. Daí que temos a chance de nos conhecer, e da forma que jamais projetamos. É claro que podemos jogar nossas roupas por cima a fim de assumir a persona que apresentamos através das nossas modas, mas, pra quem deseja expandir, nunca me pareceu tão oportuno estreitar a relação com os nossos e consigo mesmo.

Esse é um momento bastante desafiador, mas tudo é possível com um pouco de esforço.

Mesmo com tantas restrições físicas, somos interligados e sabemos/podemos nos conectar uns aos outros. Nas primeiras semanas, quantos de nós não telefonamos, mandamos mensagens ou movemos nossas intenções para os afetos? Quantos movimentos não surgiram com o propósito de ajudar os menos favorecidos de diversas esferas?

Do caos também surgem maravilhas. Medos e preocupações surgem ao mesmo passo que recebemos e observamos acolhimento e solidariedade. Um lado tem o seu outro lado – tão lógico, não? A gente pode olhar para os lados, eles são muitos. Muitas vezes, não nos damos conta, mas podemos escolher para onde iremos olhar e onde queremos estar.

Por sinal, faço-me uma pergunta: “E eu? Estou dentro ou fora?”. Não lhe parece uma questão interessante?

Mas, bem, para qualquer lugar que a gente olhe, tudo tem suas consequências. Sair e se expor, sendo física ou metaforicamente, ameaça e nos arrisca por inteiro. Por enquanto, ficar em casa é o melhor remédio. Se puder, tome-o.

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Juliana de Almeida

Atriz e palhaça. Atua como Dra. Baju na Doutores da Alegria, em Recife, desde 2010.


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acolhimento, cadê todo mundo, escolhas saudáveis, medo, melhor remédio, solidão, solidariedade

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